A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE GESTÃO DE HIGIENE, SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR
Neilson Guimarães *
Segurança e Saúde do Trabalho, é o conjunto de atividades
relacionadas à identificação de riscos e prevenção de acidentes no ambiente de
trabalho. Segundo (Chiavenato,
1997, p. 448), a Segurança do Trabalho é: "o
conjunto de medidas técnicas,
educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, quer
eliminando as condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo as pessoas da
implantação de práticas preventivas”.
Dados históricos constatam que Aristóteles (384 – 322 a.C.)
cuidou do atendimento e prevenção das enfermidades dos trabalhadores no século
IV a.C. Platão, na mesma época, constatou e apresentou enfermidades específicas
do esqueleto que acometiam determinados trabalhadores no exercício de suas
profissões. Caio Plinio Segundo (23-79 d.C.), conhecido como Plínio, o Velho,
considerado o maior naturalista romano publicou a “História Natural”, na qual,
pela primeira vez, foram abordados temas referentes à Segurança do Trabalho,
discorrendo sobre o chumbo, mercúrio, poeiras e menciona também o uso de máscaras
pelos trabalhadores expostos a estes materiais em função de suas atividades.
Hipócrates (460 – 370 a.C.), revelou a
origem de doenças profissionais
que acometiam os trabalhadores nas minas de
estanho. Galeno (129 – 201 d.C.)
preocupou-se com o saturnismo (intoxicação
causada pelo chumbo).
(MULATINHO L. M. 2001)
Considerada referência do século XX, sob o título de “Almoço no topo de um arranha-céu”, a fotografia feita por Charles C. Ebbets no ano de 1932, mostrou trabalhadores almoçando, sem segurança, no alto dos 69 andares do RCA Building no complexo do Rockefeller Center – Nova York
No século XIII, Avicena (908 – 1037), se preocupa com o
saturnismo, e o indica como
causa das cólicas provocadas pelo trabalho em pinturas, pois se usava tinta à base de chumbo. No século
XV, Ulrich Ellembog editou uma série de publicações nas quais preconizava
medidas de Higiene de Trabalho. Paracelso
(1943 – 1541) divulgou estudos
relativos às infecções dos mineiros do
Tirol.
Sabemos que os riscos de acidentes e doenças originários da
ação do trabalho humano estão presentes em atividades diversificadas, de acordo
com Barkokébas Junior et al. (2004) a ocorrência desses sinistros representam
altos custos que podem tomar proporções bastante vultosas
para as
empresas atingidas.
Durante o ano de 2004 o Ministério da Previdência Social registrou
458.956 acidentes de
trabalho em todo o país. O Sindicato da Indústria da Construção Civil no
Estado de Pernambuco – SINDUSCON/PE, publicou em 2006 um trabalho
apresentando análises das
Comunicações de Acidentes de
Trabalho – CAT registradas no ano de 2004. Verificou-se nos dados apresentados que
a indústria da
construção civil é responsável por (7,14%), antecedido pela indústria
da transformação (28,91%), comércio-reparação de
veículos automotores-objetos pessoais
e domésticos (12,16%), agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal
(10,29%), atividades imobiliárias
e serviços prestados às empresas (10,01%), serviços de transporte, armazenagem
e comunicação (8,76%), serviços sociais e de saúde (7,30%).
Os altos custos indiretos ocorridos por virtude da falta de Segurança
no Trabalho são elementos evidentes para alertar os empresários com relação ao
volume de recursos que é desperdiçado cada vez que ocorre um acidente de
trabalho, sendo estes dados, fortes argumentos para estimular investimentos na
área de segurança”. (Saurin et al. 2000)
Em virtude dos dados disponíveis relatando os passivos sociais
gerados com doenças, acidentes e óbitos dos trabalhadores, há necessidade das
empresas adotarem uma postura organizacional voltada
para a Segurança e Saúde no
Trabalho. É imprescindível que os administradores integrem nos atos
administrativos das organizações empresariais ações concretas voltadas para
segurança, saúde, bem-estar e moral de seus
funcionários, através da adoção
de Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho (GSST).
O Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho tem
sido aplicado em organizações complexas de grande porte com altos riscos, e, em
organizações de pequeno porte com baixos
riscos, o sistema auxilia a mitigação dos vários riscos para os trabalhadores
gerando melhorias no desempenho dos negócios, tal fato evidencia em clientes e
colaboradores uma imagem de eficácia no mercado, a GSST é um processo dinâmico que tem como
base a avaliação periódica e a implementação de ações corretivas no ambiente de
trabalho.
Melhorar a segurança, a saúde e o meio ambiente de trabalho
prevenindo riscos de acidentes e doenças ocupacionais além de aumentar a
produtividade e qualidade dos produtos, diminui o seu custo final, em função
das diminuições das interrupções nos processos, e principalmente os acidentes e
doenças ocupacionais.
A segurança no trabalho, além de imposição legal, deve ser
tratada por gestores e colaboradores como um conjunto de técnicas empregadas
para prevenir acidentes de trabalho, é importante que essas técnicas façam
parte do planejamento estratégico dos empreendimentos desde a concepção e sejam
incorporadas ao processo de produção das empresas, para isto é necessário um planejamento que
permita a participação
de todos os envolvidos nos projetos, e que parta destes, a administração
e inserção de soluções viáveis nas práticas de responsabilidade social, gestão
de pessoas e gestão ambiental.
- BARKOKÉBAS JR., B.; LAGO, E.M.G.; VÉRAS, J.C.; MARTINS, L.B. Acidente fatal
na indústria da construção civil: impacto sócio-econômico.
In: XIII Congresso Brasileiro de Ergonomia – ABERGO. Fortaleza, 2004a.
- CHIAVENATO, Idalberto.
Higiene e segurança do trabalho. In: Recursos
humanos. São Paulo, cap.V, p.441-
447, 4.ed. Atlas, 1997.
- Dicas de Prevenção de
Acidentes e Doenças no Trabalho: SESI - SEBRAE
Saúde e
Segurança no Trabalho : Micro e Pequenas Empresas / Luiz Augusto Damasceno
Brasil (org.). - Brasília:SESI-DN,2005. 68 p. ISBN 85-88199-73-4
- MULATINHO, Letícia Moura. Análise do sistema de gestão em segurança
e saúde no ambiente de trabalho em uma instituição hospitalar / Letícia Moura
Mulatinho – João Pessoa:2001.
- SAURIN, T.A.; LANTELME,
E.M.V; FORMOSO, C.T. Contribuições
para revisão da NR-18: condições e meio ambiente de trabalho na indústria da
construção (relatório de pesquisa). Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil e Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFRGS,
2000. 140p.
- Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional: Fator crítico de
sucesso à implantação dos princípios do desenvolvimento sustentável nas
organizações brasileiras.
Osvaldo Luiz Gonçalves
Quelhas; Gilson Brito Alves Lima
©INTERFACEHS –
Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente - v.1, n.2,
Artigo 2, dez 2006
NOTAS:
- Bacharel em Arquitetura e Urbanismo;
- Especialista em Gestão e Educação Ambiental;
- MBA em Gestão de Obras e Projetos;
- Pós Graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho;
- Pós Graduado em Gestão Empresarial;
- Mestre em Gestão e Auditorias Ambientais com ênfase em Engenharia e Tecnologias Ambientais.
- Mestre em Gestão e Auditorias Ambientais com ênfase em Engenharia e Tecnologias Ambientais.
- Membro do Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória
- COMDEVIT;
- Membro do Conselho Regional de Meio Ambiente - CONREMA V;
- Membro do Conselho Regional de Meio Ambiente - CONREMA V;
- Consultor Técnico associado à COOPTEC - Cooperativa de Trabalho em
Tecnologia, Educação e Gestão;
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