É PRECISO EXPIRAR PARA TRANSCENDER...
Neilson Guimarães *
Anúbis, considerado
a primeira múmia do Egito Antigo, com o corpo de homem e cabeça de chacal, era referendado como Deus e
Juiz dos mortos. A origem de seu nome parece ser uma derivação de “inep”, que
significa “purificar”, ou “apodrecer”.
Nascer, crescer, reproduzir, envelhecer, morrer... Para a maioria das
pessoas, esse ciclo é considerado natural, mas, nem sempre aceitável, assim, o
processo morrer não é pensado. Houve épocas na história em que a morte era
aceita sem temores, e a pessoa era respeitada por todos, morria-se em casa
junto aos familiares e amigos. Hoje se morre mais nos hospitais do que em casa.
Anúbis pesando o coração de uma sacerdotisa. O órgão foi posto no
prato
da esquerda, no prato da direita está a representação da verdade.
No alto da
balança o deus Thoth, com aparência de babuíno, anota o resultado.
A direita
mesa com oferenda de um quarto de carne...
Nenhum
acontecimento é capaz de suscitar nas pessoas, mais pensamentos dirigidos pela
emoção e reações emocionais do que o fim da vida. Certamente falar sobre morte
desperta temor e medo em todos, pois está associado à tristeza, a perda, ao
silêncio e ao desaparecimento, o que explica as dificuldades em lidar com o
tema, entretanto, por muito tempo a morte foi considerada como parte da
vida.
O fim do
ciclo da vida se dava com cerimônia pública organizada pelo próprio
desencarnado, onde participavam a família, amigos, vizinhos e crianças, que
permaneciam ao lado do corpo, transformando aquela experiência individual num
acontecimento tribal coletivo. Os antigos pareciam saber mais sobre a morte,
conheciam bem os sinais que a antecediam, e tomavam providências em relação à
sua vida.