DARWIN E, A EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE “CORRUPTO$”!
Neilson
Guimarães *
O
amor pelo dinheiro e pela vida fácil acompanha a humanidade há milênios.
Assim, a corrupção não possui data exata de nascimento e não é um “privilégio”
da geração atual. Temos no antigo império romano, exemplos que nos mostram o
quanto tal crime era praticado, tanto pelo governo como pela própria população,
que se adaptou bem desde tempos antigos a essa triste realidade.
Algumas criaturas não mediram esforços
no sentido de tentar combater a corrupção, os livros contábeis e a obrigação do
governo romano em prestar contas de suas receitas e gastos, bem como os diários
oficiais que surgiram na velha Roma, cuja finalidade dentre outras era
controlar os gastos e atitudes tirânicas dos governadores, não foram suficientes
para acabar com essa prática, assim, o que se registrou no vasto Império foram
os crescentes números de casos de corrupção, cujos protagonistas eram desde o
mais baixo ao mais alto escalão.
A Teoria da Evolução das Espécies, do
cientista e pensador Charles Darwin (1809-1882), se aplica também aos corruptos
carreiristas. A grosso modo, Darwin definiu que “apenas os fortes sobrevivem, aqueles que conseguem se adaptar melhor
às condições do meio”. Assim é na vida pública e privada brasileira. As
espécies, com as devidas exceções, possuem rara habilidade para se moldarem às
circunstâncias e dançam conforme as músicas sistêmicas.
No Brasil, os primeiros
registros de práticas de corrupção datam do período da colonização portuguesa século
XVI, aos quais, funcionários públicos, encarregados de fiscalizar contrabandos
e outras transgressões contra a coroa portuguesa, ao invés de cumprirem suas
funções, praticavam o comércio ilegal de produtos como pau-brasil, especiarias,
tabaco, ouro e diamante. Tais produtos somente poderiam ser comercializados com
autorização especial do rei, porém, acabavam nas mãos dos contrabandistas.
Portugal por sua vez se
furtava em resolver os atos de contrabando e propina, pois, tinha mais interesses
em manter os rendimentos significativos da camada aristocrática a alimentar um
sistema de coibição para controle dessas práticas.
Tivemos mais corrupção durante
a utilização da mão-de-obra escrava na agricultura para a produção do açúcar. Mesmo
com a proibição do tráfico, o governo brasileiro mantinha-se tolerante e
conivente com os traficantes que burlavam a lei. Políticos, como o Marquês de
Olinda e o então Ministro da Justiça Paulino José de Souza, estimulavam o
tráfico ao comprarem escravos recém-chegados da África, usando-os em suas
propriedades.
Apesar das denúncias de
autoridades internacionais, datadas de 1850 até a abolição da escravatura em
1888, o governo brasileiro pouco fez para coibir esse tráfico, em virtude dos
lucros que o suborno e a propina geravam a todos os participantes, assim, o
governo brasileiro preferiu ausentar-se de um controle eficaz.
A Lei de Darwin, portanto, determina
que ao longo das gerações os mais espertos ferram os mais fracos e os fazem
desaparecer. Assim é também na política da corrupção. Mas, ao perceberem que a
demagogia já não funciona tão bem como instrumento de convencimento de
empregados, fornecedores, eleitores, e outros, ao se darem conta de que as pessoas
acabam adquirindo anticorpos após séculos de enganação, e finalmente aprendem a
identificar esses demagogos, o que fizeram os corruptos, sobretudo os mais
astutos? Evoluíram! Guardaram a demagogia, pois, nunca se sabe quando será
preciso utilizá-la novamente, e, aderiram à hipocrisia, prima-irmã da
demagogia.
A hipocrisia descoberta por Freud
(1856- 1939) é inerente às criaturas que fingem ser o que não são. Os corruptos
hipócritas oportunistas são fingidores do bem, diferentes dos poetas que realmente
são do bem. Fiquemos atentos às espécies de demagogos, esses, são seres
carimbados que podem estar esquecidos, e com isso, se tornam potenciais causadores de estragos
irreparáveis.
Nossa triste história de sociedade
corrupta nos induz à compreensão de que as práticas ilícitas reaparecem como em
um ciclo, e nos dá impressão que o problema é cultural, quando na verdade é
moral, e gera falta de controle, de transparência, impunidade e marginalidade,
o que nos reconduz a erros semelhantes bem conhecidos.
A tolerância às pequenas violações que
vão desde pagamento de propinas negociadas entre o alto escalão de setores
privados e públicos para obtenção de vantagens unilaterais, até aquele indivíduo
que paga a um funcionário de uma companhia de trânsito para não ser multado,
não pode e não deve mais ser aceita.
Nosso país deve compartilhar uma regra
comum a todos os cidadãos e essa não deve se aplicar apenas a alguns. O que
desejamos para o controle da corrupção não deve ser uma atitude esquizofrênica,
nem perder muito tempo no divã para decidir o que é de fato.
Vitória
03 de abril de 2014
NOTAS:- * -
- Bacharel em Arquitetura e Urbanismo;
- Especialista em Gestão e Educação Ambiental;
- MBA em Gestão de Obras e Projetos;
- Pós Graduado em Engenharia de Segurança do
Trabalho;
- Pós Graduado em Gestão Empresarial;
- Mestre em Gestão e Auditorias Ambientais com
ênfase em Engenharia e Tecnologias Ambientais.
- Membro do Conselho Metropolitano de
Desenvolvimento da Grande Vitória - COMDEVIT;
- Membro do Conselho Regional de Meio Ambiente
- CONREMA V;
- Consultor Técnico associado à COOPTEC -
Cooperativa de Trabalho em Tecnologia, Educação e Gestão;
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